domingo, 26 de julho de 2009

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Eis que a música começa, a poesia está à solta.
O som vem gentil até meus ouvidos, fingindo ter feito uma escolha que eu logo calculo ser a única, mas ele vem como se houvessem tantas outras possibilidades, e como se estivesse apenas comigo nesse salão, recusando todos os outros pares de ouvidos, que acredito por um segundo que as coisas são assim, depois desminto-me.
O consolo é real. Na trajetória do som ele é o mesmo pra todos, quando ainda não existe individualmente, mas como uma grande verdade absoluta, que como qualquer coisa absoluta, não pode ser sentida.
Mas o consolo é real, depois que passa pra dentro de mim é a soma de nós dois. Aquele dia foi a árvore.O som me dispertou uma árvore, quem sabe milenar, que acordou dum sono profundo movendo lentamente meu braço para cima, na mais bela vontade de crescer, por que vagarosa. O caminho ao alto era de curvas, feito pela mão, a dança definitiva. Cada movimento por mais sutil que fosse ou que parecesse, seria na árvore, seria a árvore.A escolha de como ser é uma dança de passos eternos e indisprezíveis.Uma árvore não tem formas à toa, cada desvio foi sentido, há vida nas curvas de uma árvore, há prazer e beleza em qualquer coisa que se mova por si só ...
A árvore acaba junto com a música, que ainda cresce em algum lugar.