Eu sou feita de palavras vindas de bocas
com dentes mal feitos,
e olhos que exalam vida
Passaram rápido, ficarão muito
Não sabem que me habitam
seus olhos negros o coração
Não, nem imaginam.
Quantos olhos tenho dentro de mim?
Portas pra mundos outros
e com tanta vida que colhi
em olhos de furações
minha embriagez vem de dentro pra fora
e me garante que existir
é minha ambição que mais flora
é a loucura de querer entrar
em todos mundos
que se põe em minha frente
que me constroi
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
domingo, 25 de outubro de 2009
A Chama
Chama Prometeu
que o fogo não pega mais
toca um alcool
na boca do mundo
e acende o fogo prometido
desse inferno
que o fogo não pega mais
toca um alcool
na boca do mundo
e acende o fogo prometido
desse inferno
sábado, 3 de outubro de 2009
...
As palavras caíam lá dentro, onde a gente custa a vida toda pra chegar.
Ele tentava e tantava vomita-las, não eram necessários ouvidos, ao vento, que seja, mas mesmo assim não escapavam da boca do pobre.
Tentou água tônica, tentou aguardente ,tentou água benta, nada sarava sua mudez .Tem palavras que escolhem ir pra dentro e não pra fora, e assim falava pra si sempre que sentia que poderia dizer muito mais do que sua boca conseguira.
Sentia um multirão de letras subindo por seu corpo, mas paravam perto do coração, que ficava apertado.Borbulhavam algumas letras na quentura vermelha do moço naquela noite, estavam querendo subir.Cada letrinha presa pesa como chumbo, e preenche todo o espaço vazio como o ar.
Ele estava agora cheio, mas não sabia de que. A palavra ,por não ser som, cada vez mais embrutecia.
...
Ele tentava e tantava vomita-las, não eram necessários ouvidos, ao vento, que seja, mas mesmo assim não escapavam da boca do pobre.
Tentou água tônica, tentou aguardente ,tentou água benta, nada sarava sua mudez .Tem palavras que escolhem ir pra dentro e não pra fora, e assim falava pra si sempre que sentia que poderia dizer muito mais do que sua boca conseguira.
Sentia um multirão de letras subindo por seu corpo, mas paravam perto do coração, que ficava apertado.Borbulhavam algumas letras na quentura vermelha do moço naquela noite, estavam querendo subir.Cada letrinha presa pesa como chumbo, e preenche todo o espaço vazio como o ar.
Ele estava agora cheio, mas não sabia de que. A palavra ,por não ser som, cada vez mais embrutecia.
...
domingo, 26 de julho de 2009
...
Eis que a música começa, a poesia está à solta.
O som vem gentil até meus ouvidos, fingindo ter feito uma escolha que eu logo calculo ser a única, mas ele vem como se houvessem tantas outras possibilidades, e como se estivesse apenas comigo nesse salão, recusando todos os outros pares de ouvidos, que acredito por um segundo que as coisas são assim, depois desminto-me.
O consolo é real. Na trajetória do som ele é o mesmo pra todos, quando ainda não existe individualmente, mas como uma grande verdade absoluta, que como qualquer coisa absoluta, não pode ser sentida.
Mas o consolo é real, depois que passa pra dentro de mim é a soma de nós dois. Aquele dia foi a árvore.O som me dispertou uma árvore, quem sabe milenar, que acordou dum sono profundo movendo lentamente meu braço para cima, na mais bela vontade de crescer, por que vagarosa. O caminho ao alto era de curvas, feito pela mão, a dança definitiva. Cada movimento por mais sutil que fosse ou que parecesse, seria na árvore, seria a árvore.A escolha de como ser é uma dança de passos eternos e indisprezíveis.Uma árvore não tem formas à toa, cada desvio foi sentido, há vida nas curvas de uma árvore, há prazer e beleza em qualquer coisa que se mova por si só ...
A árvore acaba junto com a música, que ainda cresce em algum lugar.
domingo, 24 de maio de 2009
Serotonina
Ouvi no vagão: serotonina
No vago espaço
Entre as palavras dos passageiros
E do alto-falante: Usuário na via
Ele não produziu serotonina
O metrô parou
O coração também
Talvez um sonho de valsa resolvesse essa situação.
No vago espaço
Entre as palavras dos passageiros
E do alto-falante: Usuário na via
Ele não produziu serotonina
O metrô parou
O coração também
Talvez um sonho de valsa resolvesse essa situação.
domingo, 10 de maio de 2009
VIVA LA REVOLUCIÓN
Um dia a Consolação de asfalto vai morrer
Quereremos terra
Nascerá um indústria neo-bélica
Britadeiras em massa
Verde x cinza
Revolução do asfalto
Britadeiras em mãos
Essa noite ninguém vai dormir
Oscar Niemeyer não verá
Essa noite o Copan vai morrer
Amanhã a Paulista vai virar pó
Só vou viver pra ver meu jardim resistir
Tão verde como anteontem
Quereremos terra
Nascerá um indústria neo-bélica
Britadeiras em massa
Verde x cinza
Revolução do asfalto
Britadeiras em mãos
Essa noite ninguém vai dormir
Oscar Niemeyer não verá
Essa noite o Copan vai morrer
Amanhã a Paulista vai virar pó
Só vou viver pra ver meu jardim resistir
Tão verde como anteontem
sábado, 11 de abril de 2009
Branco no Branco
Ela viu na parede branca um desenho lindíssimo o qual nunca tinha antes reparado, tinha curvas feitas com punhos firmes e que sabiam dançar como nenhum outro.
Vendo o desenho sentia que tinham sido feitos com todos os olhos fechados, não pela abstração mas pela perfeição que ele transmitia. Não havia confusão, só um sorriso largo depois de perceber que esse desenho branco nessa parede branca era um reflexo do lado direito do seu cérebro.
sábado, 28 de março de 2009
O barato da vida
Depois de muito viver em outros mundos ela sentiu que talvez esse também possa fazer parte dos outros, mas qual será a semente pra entrar nesse viagem toda?
Enquanto flutuava foi que percebeu.
Se não fosse verdade seria ainda mais lindo, se fosse uma lenda, ou se não fosse banal.
A reprodução.O caso é que isso tudo era muito verdade, tanto que as crianças aprendiam na aula de ciências ao invés da aula de literatura.Isso era justo, aprender amor na aula de ciências?
Dois corpos encantados pela magia do amor, que é o único entre todos os feitiços da Terra que atinge mutuamente carne e espírito, não conseguem mais distinguir-se. Alguns pensam estar sofrendo de delírios da paixão, o que passará rapidamente se acontecer. Ávidos duma resposta, decidem quebrar todas as barreiras ainda existentes para saber se o que acontece poderá um dia acabar.A busca de pergunta e de resposta começa como sempre pelos olhos, vivendo muitos dias tendo longas conversas d'alma pr'alma. Passada essa resposta vem agora a pergunta.O prazer da carne espera os amantes quando poderão finalmente tornar-se um só.E se mesmo depois de serem um só esse amor ainda transbordar, surgirá duma semente outra vida, feita de exesso de amor, que ficará guardada até a primavera, quando florescerá em meio a luz terrestre e sentirá o peso do ar.Chorarão , tanto a criação que gostaria de viver num útero seguro pra sempre; quanto o criador, que reza para nunca esquecer da grandeza de ter dois corações.
E essa é a historia da humanidade, ela descobriu.Essa é a história de cada um que respira e que ama, de acordo com sua literatura é assim que começa e acaba.
Ilustração de Vladimir Kush, "Walnut of Eden"
quinta-feira, 26 de março de 2009
sábado, 7 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
2009
Manter aberto cada poro no meu corpo, estar atenta as batidas do coração e as pulsações em cada membro, e saber, antes do nome, sentir cada um deles.
( e saber antes do nome, sentir)
Sentir mais que os sentidos, sentir o contato dos órgãos uns com os outros e descobrir a vida que sou.
Saber que tudo ao meu redor é dois, por que está fora e dentro ao mesmo tempo e de formas diferentes, e que ocorre variações na melhor forma de enxergar.
Desafiar cotidianamente o medo enraizado, pelo crescimento e pela adrenalina que me faz ter brilho nos olhos.
E que cada ação por mim cometida é um eco na eternidade.
Viver como quem assiste ao pôr-do-sol, viver como eu assito ao pôr-do-sol. Atentando a todas as nuvens, todas as cores, ao reflexo da grande estrela no mar, aos barcos que passam flutuando no reflexo, e principalmente a mim que estou flutuando no gramado.
Mesmo sabendo que amanhã e depois vai ser tudo a mesma coisa (e que é tudo nada, e que o pôr-do-sol-de-amanhã é uma desculpa de quem não sabe viver).
Estas foram minhas metas pra esse ano que está acabando.Dia 5, quando termina o ano no meu calendário, farei um outro para 2010, quem sabe menos abstrato, ou quem sabe mais.
( e saber antes do nome, sentir)
Sentir mais que os sentidos, sentir o contato dos órgãos uns com os outros e descobrir a vida que sou.
Saber que tudo ao meu redor é dois, por que está fora e dentro ao mesmo tempo e de formas diferentes, e que ocorre variações na melhor forma de enxergar.
Desafiar cotidianamente o medo enraizado, pelo crescimento e pela adrenalina que me faz ter brilho nos olhos.
E que cada ação por mim cometida é um eco na eternidade.
Viver como quem assiste ao pôr-do-sol, viver como eu assito ao pôr-do-sol. Atentando a todas as nuvens, todas as cores, ao reflexo da grande estrela no mar, aos barcos que passam flutuando no reflexo, e principalmente a mim que estou flutuando no gramado.
Mesmo sabendo que amanhã e depois vai ser tudo a mesma coisa (e que é tudo nada, e que o pôr-do-sol-de-amanhã é uma desculpa de quem não sabe viver).
Estas foram minhas metas pra esse ano que está acabando.Dia 5, quando termina o ano no meu calendário, farei um outro para 2010, quem sabe menos abstrato, ou quem sabe mais.
Assinar:
Postagens (Atom)