sábado, 3 de outubro de 2009

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As palavras caíam lá dentro, onde a gente custa a vida toda pra chegar.

Ele tentava e tantava vomita-las, não eram necessários ouvidos, ao vento, que seja, mas mesmo assim não escapavam da boca do pobre.
Tentou água tônica, tentou aguardente ,tentou água benta, nada sarava sua mudez .Tem palavras que escolhem ir pra dentro e não pra fora, e assim falava pra si sempre que sentia que poderia dizer muito mais do que sua boca conseguira.
Sentia um multirão de letras subindo por seu corpo, mas paravam perto do coração, que ficava apertado.Borbulhavam algumas letras na quentura vermelha do moço naquela noite, estavam querendo subir.Cada letrinha presa pesa como chumbo, e preenche todo o espaço vazio como o ar.
Ele estava agora cheio, mas não sabia de que. A palavra ,por não ser som, cada vez mais embrutecia.


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